quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Falta de informação dos produtores é desafio para crescimento do Programa de Agricultura de Baixo Carbono



Canal Rural - João Henrique Bosco



Com o objetivo de promover iniciativas que contribuam para o meio ambiente, reduzindo a emissão de gases na atmosfera, o governo federal vem liberando, desde julho do ano passado, crédito para produtores e cooperativas no Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC). Um dos principais desafios a serem superados é a falta de informação dos produtores.


O suinocultor Luiz Chinelato trabalha com a produção de suínos há 10 anos. Em 2010 o criador ampliou o negócio e dobrou o número de animais. Chinelato tinha a intenção de ser autossuficiente na geração de energia e, para isso, o caminho seria a construção de um biodigestor, mecanismo que utiliza os dejetos dos suínos para produzir gás metano, que depois é transformado em energia. O projeto se enquadrava no programa ABC, que na época ainda não havia sido implementado, então o produtor procurou financiamento pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), mas teve que enfrentar uma demora de seis meses para a liberação da verba.


— A burocracia é bastante grande. É tudo documentado. Parte da obra a gente tem que fazer na propriedade e tem que ter nota fiscal por isto — explica Chinelato.


Se tivesse esperado mais um ano, o suinocultor poderia ter sido contemplado pelo Programa ABC, que libera para os produtores até R$ 1 milhão, com prazo de pagamento 12 anos e taxas de juros de 5,5% ao ano. Uma das vantagens seria liberação rápida, entre 20 e 30 dias, garante o diretor do Banco do Brasil em São Paulo, Walter Malieni.


— Nossa preocupação é tão grande com esta questão do prazo de liberação que nós estamos utilizando recursos da nossa carteira própria ao invés de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Com isto a gente consegue, de fato, atingir o prazo de 20 dias — afirma Malieni.


Os beneficiados pelo programa ABC podem ser tanto produtores como cooperativas. São seis projetos contemplados pelo programa: plantio direto na palha, recuperação de pastos degradados, integração lavoura – pecuária – floresta, plantio de florestas comerciais, fixação biológica de nitrogênio e tratamento de resíduos animais.


Apesar da desconfiança e desinformação de alguns, Malieni afirma que o programa tem uma equipe técnica montada para orientar os produtores. A expectativa é de que nos próximos três meses dobre o número de liberações.


— É crescente o número de novas propostas entrando em nossas agências, então a tendência é de que a gente consiga até dobrar o volume de recursos já liberados pelo programa — diz o diretor do Banco do Brasil.


Conforme o vice-presidente do Banco do Brasil, Osmar Dias, estão à disposição do programa recursos que ultrapassam os R$ 3 bilhões. Em São Paulo, cerca de 50 propostas foram feitas pelos produtores com um valor médio de individual de R$ 400 mil. No Brasil, o volume de propostas chegou a 500, o que significa uma demanda R$ 190 milhões em recursos.



Publicado em: 22/02/2012

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